quinta-feira, 16 de abril de 2020

Amor de mãe


Por 54 anos em minha vida, minha mãe foi uma das primeiras a me dar felicitações em meu aniversário. Muitas vezes, antes mesmo do marido, deitado ao meu lado. Nos muitos anos que passamos morando longe uma da outra, ela me ligava logo cedo cantando os primeiros versos de “Parabéns a você”, com o amor transbordando em cada palavra.
Este ano o telefone não tocou...
Nos últimos meses, desde sua morte, tive vontade de escrever sobre o que é perder a mãe. Muitos, entre os que leem essas minhas palavras, já sabem, talvez há bastante tempo. Outros só imaginam. Quando eu era mais jovem ouvia dizerem que as mães deveriam viver para sempre e, no auge da sabedoria de meus vinte e poucos anos, achava isso um exagero. Não acho mais...
Quando elas se vão, a gente se dá conta de que está indo embora a pessoa que mais nos amou neste mundo todo. Por mais que as relações sejam difíceis... por mais que a distância (física ou emocional) seja grande... A mãe é aquela pessoa que quer sempre o nosso bem, ainda que discordem de nossa conduta. Toda regra tem exceção, é claro, mas as estatísticas apontam porcentagens elevadas a favor deste conceito. Nem sempre as entendemos, nem sempre as aceitamos como elas são. Mas sempre nos sentimos amparados por seu amor.
Perder a mãe, em qualquer idade, nos faz sentir uma solidão profunda, um desamparo emocional que a gente não explica. Perder a mãe é, definitivamente, amadurecer tudo que nos faltava de uma só vez. Acabou o mimimi. 
Agora, viver é só com a gente, sem colinho para chorar. 



4 comentários:

  1. É uma lerda irreparável mesmo, porém eu aprendi com a perda a ser mais generosa, paciente e acolhedora.
    Tudo isso porque vi minha mãe fazendo, apesar das nossas diferenças. Aprendi também a valorizar cada coisa que ela me ensinou, e olha que foram quase 50 anos de ensinamentos rsrs. Hoje sou grata por tudo o que vive com esse ser ao qual chamarmos de mãe, que não é perfeita, mas que procura através do dia-a-dia acertar e nos preparar para a vida.

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    1. Sim. Os ensinamentos ficam mais vivos depois que a mestra se vai... Obrigada pelo comentário, querida.

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  2. O que amo nos seus textos é a identidade. Você se coloca nua e inteira e o resultado é como um Convite para um pensar intimo e sem reservas. Ainda tenha o privilégio de ter minha mãe mas perdi a "Grande Mae", minha avó , muito cedo e sei da dor chamada saudades. São, justamente os momentos e lições que motivam essas saudades, também motivo para continuar bem e feliz: exatamente como ela gostaria.

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  3. Tenho até hoje lindas e marcantes lembranças de minhas avós também. Vou escrever sobre elas qualquer hora. Obrigada pelo feedback tão incentivador!!

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