quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Padrões e reflexões

 


Ana Carolina canta “toda mulher gosta de rosas, de rosas, de rosas...” Na primeira vez que ouvi essa música, senti-me excluída. Rosas não são minhas flores preferidas. Gosto mais de orquídeas, margaridas e tantas outras. Lembro-me que, quando era jovem, sonhava em receber um buquê de flores do ser amado, coisa que só foi acontecer muitos anos depois. Mas optar por rosas estava diretamente ligado à TV e suas propagandas de casais apaixonados - um padrão pré-estabelecido. Tive uma colega que detestava quando o namorado mandava enormes buquês para ela no serviço. Ele fazia isso com frequência e sempre dava briga.

 Chico Buarque canta “todo dia ela diz que é para eu me cuidar/essas coisas que diz toda mulher” e eu penso: o que vem primeiro, a ideia de que toda mulher diz isso ou sua real vontade de dizer?

Você já deve ter ouvido que shopping (ou cabeleireiro) é o terapeuta da mulher, assim como o bar (ou o futebol) é o do homem. E como fico eu, mulher, que detesta fazer compras e ir ao salão de beleza, mas adora um boteco e um jogo?

Quantas outras coisas eu não me encaixo, ou, se me encaixo, é de forma imperfeita, por que fui ensinada que assim devo agir? 

Quais atitudes e preferências, na minha vida, são padrões aprendidos e quais são, realmente, a expressão da minha essência?

E mais: quando me sinto satisfeita com algum comportamento meu, estou expressando o que tenho em meu interior ou apenas feliz por agir em conformidade com o que se espera de mim?

Não é só na questão de gênero que os padrões nos afetam. Você talvez já tenha sido cobrada, em sua juventude, por não ter arrumado um emprego ou um cônjuge. E, se casada, pelo filho que ainda não veio. Só uma criança? E a segunda? Ou ouvido frases que comecem com “você já tem idade para...” e depois de alguns anos “você não tem mais idade para...” Ufa!!

 Somos tão diversos, homens e mulheres, e os padrões da sociedade só servem para nos reduzir e limitar. Difícil é se libertar deles...



17 comentários:

  1. Perfeito
    Somos como queremos ser ou estar, cada mulher tem o seu jeito de ser.

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  2. 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼🤗

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  3. Ótima crônica.
    Concordo, somos tão diversos e nisto está toda a graça do mundo. Pena que para o sistema é sempre melhor nos encaixar em rótulos.

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  4. Ótima crônica.
    Concordo, somos tão diversos e nisto está toda a graça do mundo. Pena que para o sistema é sempre melhor nos encaixar em rótulos.

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  5. Adorei. E sim;ainda estamos muito presos aos padrões.

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  6. Ah! Que delícia de crônica. Também não gosto de rosas. Rs.

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  7. Perfeito texto. ME encaixei em casa linha escrita pois passo por situações parecidas, diversas e diversas vezes...

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  8. Nossa Lu, se eu escrevesse tão bem assim, leria e diria: é de minha autoria, eu falando da minha pessoa. Rsrs Amei! Bjss

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  9. Não gosto de padrões, não por rebeldia, mas pra me comportar livremente, fora de qualquer expectativa, principalmente minha.

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  10. Não gosto de padrões, não por rebeldia, mas pra me comportar livremente, fora de qualquer expectativa, principalmente minha.

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  11. Parabéns Lu, mais uma ótima crônica.

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  12. Parabéns pela crônica Luciane. Mais um maravilhoso e reflexivo texto. Tenho aprendido e me encontrado em cada texto seu que leio.
    Meu modo de pensar é que rótulos são impostos por veículos de mídia, mas agem mais fortemente sobre aqueles que se deixam manipular por eles.
    Eu, por exemplo, sou um homem que gosta muito de mandar flores, embora tenha feito uma vez e sido chamado de cafona. Nem por isso, deixei de gostar de mandá-las.
    Temos nossa essência, nossa personalidade, nosso caráter e nossa forma de enxergar o mundo e ser refém dos rótulos, nos distancia de nosso ser e isso, pelo menos a mim, me faz muito feliz.
    Procuro viver sempre não seguindo nenhum tipo de rótulos, mas claro, que sem perder meus conceitos, princípios, caráter e valores de vida!!!!

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