Chegou o fim de ano e a época da troca de presentes. Mesmo em meio à crise e com toda a quarentena, ela acontece de alguma forma. Presentes são fontes de alegria. Ou deveriam ser. Mas nem sempre é assim.
Muitas vezes, a expectativa atrapalha o processo. Nem todo mundo sabe escolher presentes. No amigo oculto, é um problema. Conheço gente que não gosta de participar porque tem medo de dar algo caro e especial e receber uma coisinha qualquer. Ainda que se estipule uma quantia a ser gasta, ainda que se restrinja a chocolate ou que se dê lista de opções, alguém sempre acaba insatisfeito.
A intenção do presentear foi se perdendo no tempo.
Minha mãe fazia crochê como ninguém, mas nunca gostou de dar uma peça feita por ela em aniversários ou natais. Achava que o presenteado ía “reparar” se ela não desse um artigo de loja. Não adiantava dizer a ela que sua peça, numa loja, valeria bem mais do que o presente comprado. É a velha discussão preço versus valor. A vida moderna nos instiga a reduzir tudo a cifrões. Como dizia aquela propaganda, há coisas que não tem preço. E são as melhores.
Lembro-me de um texto que li há alguns anos sobre uma pessoa que, ao receber um jovem morador de rua pedindo alimento a sua porta, puxou conversa, perguntou-lhe da vida. Depois de alguns minutos de papo, ele se despediu. “Espere que vou buscar o pão que me pediu”, disse ela. Ele, já saindo, respondeu: “Precisa não. A senhora conversou comigo. Fiquei feliz”.
Em minha casa, neste ano, decidimos fazer um amigo oculto de experiências. Funciona assim: os presentes deverão ser vividos. Coisas tipo ingressos de cinema, uma tarde em um café, um almoço de domingo num restaurante, uma pequena viagem... Além de privilegiar esses setores da economia mais prejudicados na pandemia, evitamos o culto ao consumismo. Iniciaremos 2021 com menos objetos e mais encontros. E como estamos precisados de encontros!
Quero, a partir deste Natal, resgatar o verdadeiro sentido do presentear: agradecer o tempo que meu amigo tirou, em sua rotina diária, para pensar num presente para mim.
Vamos também?
E muita empatia com a inabilidade alheia.
Feliz dezembro!
Lu, suas crônicas são sempre um convite à reflexão.
ResponderExcluirFico feliz, Léia. Refletir faz bem rsrs
ResponderExcluirAdorei! Parabéns Luciane!
ResponderExcluirDenise Frade Bornia
Amei Lu.Concordo que precisamos de mais acolhimento.Coisas simples e tão significativas. 😍😍
ResponderExcluirHá algum tempo o Natal vem perdendo sua essência, precisamos mesmo de muito acolhimento... parabéns Lu
ResponderExcluirParabéns Amiga querida! Muito boa a abordagem deste tema e adorei a ideia dos presentes que deverão ser vividos.
ResponderExcluirParabéns Amiga querida! Muito boa esta crônica, realmente nos leva a reflexão e lembranças das bonitas peças de crochet da Dna Marlene...Que saudades da sua mamãe! Adorei a idéia dos presentes que deverão ser vividos! Mary ❤️
ResponderExcluirPresente vivido vira recordação e nao acaba nunca...obrigada, amiga querida❤
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