Uma professora de dança de minha filha dizia a ela que é preciso treinar muito os movimentos da coreografia até que eles se tornem automáticos e você não precise mais pensar para executá-los. É o que acontece, também, quando aprendemos a dirigir: no começo a gente se atrapalha ao reduzir a marcha, sinalizar, observar o trânsito, tudo ao mesmo tempo. Depois, fazemos tudo isso enquanto pensamos no que vamos comer no almoço. Nosso cérebro funciona dessa maneira com tudo. Então, é muito importante prestar atenção em como nós o treinamos.
A cultura ocidental dá muito valor ao que de ruim acontece no nosso dia a dia e é isso faz com que o cérebro registre esses momentos desconfortáveis como prioridade. Gravamos na memória o sofrimento e deixamos a alegria em segundo plano. Nosso cérebro, assim treinado, passa-nos uma sensação de infelicidade, de fracasso.
E como mudamos esse treinamento mental? Segundo os neurocientistas, precisamos educar a mente para que se lembre mais dos bons momentos, treinando até que fique automático (lembram da professora de dança?). Uma forma de fazer isso é acostumar-se a listar, todos os dias antes de dormir, pelo menos três coisas boas que aconteceram nas ultimas 24h. Todos os dias, sem falhar! Depois de algum tempo (21 dias para se adquirir um hábito, segundo alguns entendidos), o cérebro passará a registrar os momentos bons como prioridade. E você perceberá mais dias felizes em sua vida.
Outra coisa importante de se dizer é: o que você avalia como acontecimento bom? Vou dar um exemplo pessoal. Houve uma época em que trabalhei à noite. Eu gostava bastante porque tinha o dia livre para curtir minhas filhas, participar de reuniões e festas na escola etc. Mas me lembro bem do desânimo que me dava sair para trabalhar quando a noite era fria e chuvosa. Todos quentinhos em suas camas e eu saindo de casa. Essa fase de minha vida me faz sentir, hoje, uma alegria imensa por minha cama quente nas noites de inverno. É uma felicidade que enumero em minha lista diária. Provavelmente quem não passou por isso, não se lembre de agradecer por não precisar sair na chuva. Mas é uma coisa boa do dia. Há muitas pequenas felicidades que esquecemos de agradecer por acharmos que são coisas normais. Mas são dádivas que nem todos, ou nem sempre, se tem
Então, a ideia é que, mesmo que tenha sido um “dia de cão” (nunca entendi essa expressão – os cães são criaturinhas tão felizes), ainda haverá essas pequenas felicidades diárias, os presentes do Universo para nós. Focar nelas é educar a mente para ser feliz.
Meu texto tem o objetivo de despertar a curiosidade pelo assunto. Se alguém quiser se aprofundar, há muito conteúdo na internet. A palestra a qual me referi no início foi proferida por Gustavo Arns na Maratona da felicidade. Ele tem vários vídeos no youtube e ao procurá-los, o aplicativo irá sugerir outros tantos com o mesmo tema. É um assunto apaixonante que nos leva a reflexão diária e autoconhecimento – chaves para cuidarmos de nós por inteiro.
Interessante. Treinar a mente pra ser feliz. Genial Lu. Como sempre um texto muito bem escrito e instigante.
ResponderExcluirObrigada, querida!!
ExcluirAdorei o texto Lu, muito interessante e gostoso de ler. Vc como sempre escreve muito bem e com facilidade. Parabéns!!!
ResponderExcluirObrigada!
ExcluirQue texto fantástico. A verdadeira felicidade vem de uma mente tranquila, calma e em paz com o mundo. Acredito que o que fica gravado no cérebro (de bom ou ruim) depende da intensidade com que aconteceu em nossa vida. Se uma situação boa foi muito mais intensa do que algo não muito bom, essa experiência boa ficará registrada na memória. Normalmente as experiências ruins costumam ser mais intensas, por isso, muitas vezes não as esquecemos (morte de um ente querido, assalto, acidente, etc) e esse não esquecimento (não treinamento do cérebro para esquecer), as vezes, nos faz sofrer por um tempo bem maior do que o necessário. Se todos nós nos habituarmos a listar, no mínimo três coisas boas que nos aconteceram naquele dia,ou que tal, tentar listar três qualidades boas naquela pessoa que não gostamos, com total e absoluta certeza, iremos ter dias mais felizes, termos uma vida boa.
ResponderExcluirParabéns mais uma vez Lu pelo brilhante e reflexivo texto.
Obrigada!
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