quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Que gracinha é a vovozinha...


 

Fato 1 -Dia desses ouvi, na TV, um executivo de uma empresa de tecnologia que criou um aplicativo para compras online explicar seu produto: “Então a Tiazinha, que está acostumada a comprar na mercearia da esquina, descobre que pode pedir online...” Tiazinha?

Fato 2 - Em um curso que fiz ano passado, dois jovens profissionais de marketing comentavam sobre suas mães que, a seu modo, eram influenciadoras digitais. Postavam seus “Bom dia” e mensagens positivas todos os dias, sendo curtidas por todo seu grande grupo de amigos. “Que gracinha!” - diziam eles, como quem aplaude um bebê.

Fato 3 - Há algum tempo, uma amiga se queixou de como uma jovem atendente de uma instituição de ensino a olhou com descrédito quando ela quis se informar sobre um curso de graduação.

Fato 4 - Mês passado Cris Guerra (@eucrisguerra) publicou um vídeo puxando a orelha de Fábio Porchat sobre o episódio do programa Porta dos Fundos que fazia graça com uma mãe de 57 anos e suas dificuldades com tecnologia. Quem não viu, vale a pena.  

Fato 5 – Antes da pandemia, estávamos várias amigas reunidas e, conosco, a mãe de uma delas, mulher ativa de seus 80 anos. Em dado momento da conversa nós, as meninas, fomos uníssonas num “Que gracinha!”, ao saber que a idosa usava o WhatsApp...

Menosprezar a capacidade física e intelectual dos mais velhos parece ser uma atitude comum nas gerações posteriores. Mas, como qualquer discriminação, não deveria ser normal. É claro que o corpo já não reage tão bem com o passar dos anos. Em compensação, as emoções estão em muito melhor controle! É a dança da vida. E cada vez mais os seres humanos estão chegando mais longe, em idade e adaptação às inovações. A longevidade ativa é assunto relativamente recente no mundo ocidental e ainda estamos nos adaptando. Da mesma forma, como todos os outros preconceitos, é preciso estar atento e aberto a desconstrução destes padrões que excluem e distanciam. E, afinal de contas, chegar à velhice é uma vitória a ser celebrada!

18 comentários:

  1. Curioso, que, às portas dos meus 60 anos, meu receio têm sido o enfrentamento em situações assim, como as que você coloca, além de outras piores. São coisas assim que atrasam o convívio entre gerações. Parabéns pela crônica.

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    1. Sim, é verdade. Nao acho que devamos temer, nas nos posicionar. Acho que a nova geração perde, inclusive, oportunidade de negócios agindo assim.

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  2. Lu, paradoxalmente, eu não acredito, com toda a tecnologia e farmacologia disponível, que esta geração tão crítica sejam tão longeva e atuante...

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  3. Amei Luciane. Eu aqui com 60 anos cravados já sinto o peso dessa discriminação. Parabéns por seu olhar atento.

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    1. Sim. Ela nao é nova. O que é novo é nossa nova disposição de vida.

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  4. Parabéns! Ótimo texto, como sempre. Podemos observar no nosso dia a dia essa situação. Observo pessoas da mesma geração, por volta dos 80 que uns estão bem conectados e atuantes nas redes sociais e outros mal conseguem usar o celular.

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    1. Sim e semore havera diferenças. Somos unicos, cada um lida de uma forma. Acho que é preciso estar atento para nao generalizar nem de um lado nem de outro. O velho respeito, sempre tao reinvindicado.

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  5. Não encaro nada disto como discriminação ou ofensa. Tomo sim como motivação para mostrar que estão errados. Com meus 56 anos tenho mais vitalidade que muitos jovens e coloco isto à prova em todos os momentos que com eles convivo. Menos vitimização e mais ação seria a melhor resposta para uma geração de perdidos e sem força de vontade!!!

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    1. Talvez eu tenha passado uma ideia errada pra vc. Nao falo de vitimização. Acho que a proxima geração tem que ficar mais atenta ate para oportunidades de negocios, como nos casos que citei do empresário e dos profissionais de marketing. A população acima dis 50, de forma geral, investe em qualidade e tem o que investir. Ao leva-los a serio, esses profissionais terão seu respeito e fidelidade.

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  6. Não encaro nada disto como discriminação ou ofensa. Tomo sim como motivação para mostrar que estão errados. Com meus 56 anos tenho mais vitalidade que muitos jovens e coloco isto à prova em todos os momentos que com eles convivo. Menos vitimização e mais ação seria a melhor resposta para uma geração de perdidos e sem força de vontade!!!

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  7. Bom dia, com 71 anos me considero muito jovem de espírito e com força de viver muito mais aqui

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  8. Adorei Lu. Também acho que devemos nos posicionar. Nós, maduros ainda temos que aprender e mais ainda,ensinar! 👏👏💪💪

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    1. Aprender sempre é a melhor maneira de manter a mente ativa e jovem.

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  9. Me sinto cada vez mais pleno chegando perto dos 60. É claro que o corpo já não acompanha a vitalidade da mente, mas tô gostando muito mais de mim agora.
    A sociedade é craque em criar caixinhas e em nos classificar segundo esses padrões, o problema não é nem esse (embora não me agrade muito isso), o problema é caricaturizar e tratar de forma inadequada os diversos grupos.
    Ótima reflexão.

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  10. Nao troco meus atuais 55 pelos meus 30. Hoje sou mais segura, mais auto-confiante, entendo melhor a vida.
    Sim, o grande problema é sempre o respeito, palavrinha que resolve muitos problemas da humanidade.

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  11. Eu tenho investido meu tempo em mais conhecimento. Voltei a estudar e sempre buscando me atualizar. Acho que estou me saindo bem. Vem nimim 5.7!!!

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